Melinda e Melinda: Uma reflexão sobre pontos de vista

27 de novembro de 2019

Foto: Fox Film/Melinda e Melinda/Divulgação

Um grupo de quatro amigos sentados na mesa de um café começa a discutir se a vida é uma comédia ou uma tragédia, tentando provar um ao outro seu ponto de vista. Sy e Max dão início ao debate, enquanto que Al decide contar uma história para ver se todos conseguiriam chegar a um consenso. Assim começa o filme Melinda e Melinda (2004), dirigido e roteirizado por Woody Allen.

A partir da história contada por Al, Sy e Max começam a tentar provar seus pontos de vista recontado a história a partir de como acreditam que seus detalhes possam ter acontecido. Sy nos apresenta uma Melinda que vive em uma comédia romântica, enquanto que Max nos conta a história de Melinda como fosse um drama com uma sucessão de tragédias. Participando da discussão também temos Louise e Al ouvindo o desenrolar de cada história e, por fim, opinando sobre as versões dos acontecimentos.

Nas duas histórias temos pontos em comum, um casal durante um jantar entre amigos é interrompido por uma visita inesperada, Melinda. Outros personagens vão aparecendo, alguns semelhantes em ambas as histórias, outros completamente diferentes. Lugares em comuns são visitados, mas o clima em cada narrativa é único. Inclusive, apenas Radha Mitchell, que interpreta Melinda, está presente nas duas histórias, em contrapartida os outros personagens são interpretados por atores diferentes em cada versão. Assim, a história de Melinda é usada como um plano de fundo para os amigos provarem seus argumentos!

Como estão apenas focados em seus argumentos filosóficos e em contando a história de Melinda, não temos muitas informações pessoais sobre Sy e Max, mas a percepção da vida como uma comédia ou um drama provavelmente é resultado da história de vida de cada amigo. Cada um passou por experiências diferentes, dentro do ambiente familiar, em se falando de oportunidades de trabalho e de vida, entre outros. Apesar de ambos trabalharem com teatro, Max lida com peças dramáticas, enquanto que Sy ocupa-se com as peças cômicas. Portanto, mesmo que os dois amigos estejam olhando para a história de Melinda, cada um a conta a partir de sua própria percepção de mundo.

Sabe aquela questão do observador neutro? Isso não existe! A observação passa pela percepção do indivíduo, logo não pode ser neutra! Por isso duas pessoas podem ter opiniões totalmente diferentes sobre a mesma questão! Para cada um, sua percepção é verdadeira, pois é como interpreta o mundo! No caso do filme, é apenas uma discussão entre amigos sobre quem seria o certo, mas quantas vezes não vemos pessoas tentado obrigar os outros a pensar igual a si? Ouvir o outro e respeitar sua visão de mundo é importante para mantermos relacionamentos saudáveis, pois o importante não é estar certo, mas aproveitar a oportunidade de conhecer outras visões e aprender mais sobre o outro. Ah, talvez você esteja se perguntando se a vida de Melinda é uma comédia ou um drama. Bem, a resposta é simples, depende dos olhos de quem a vê!

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Sheila Francisca Machado reside em Brasília, é psicóloga clínica, especialista em psicologia clínica e especializada em avaliação psicológica, CRP 01/16880. Atende adolescentes e adultos na Clínica de Nutrição e Psicologia - CLINUP. Atua com a abordagem Análise do Comportamento.
Contato: sheila_machado_@hotmail.com
Clínica Clinup: clinup.blogspot.com
Instagram: @empqnasdoses

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