Foto: Paris Filmes / Penélope (2006) / Divulgação |
No filme Penélope (2006), uma jovem rica vive sem sair de casa por conta de uma maldição familiar lançada sobre seus antepassados, a qual fez com que ela nascesse com nariz e orelhas de porco. A maldição foi lançada por uma senhora que perdeu a filha por conta da rejeição da rica família Wilhern em deixar um de seus filhos casar com uma moça pobre. A forma da família Wilhern quebrar a maldição seria a aceitação de Penélope por um dos seus, o que fez com que a mãe de Penélope Wilhern buscasse um jovem rico que aceitasse se casar com ela.
Logo no começo do filme, acompanhamos o sofrimento de Penélope por viver trancada em casa sem sair para que sua aparência fosse escondida, já que sua mãe tinha dificuldade em aceitar que sua filha era diferente. Para que a maldição se quebrasse e a filha passasse a ter a aparência de uma jovem normal, sua mãe contratou uma agencia de casamentos para procurar pretendentes ricos para a jovem. Um dos pretendentes que sua mãe trouxe ficou tão horrorizado com a aparência de Penélope que foi direto a polícia denunciar o que viu, chegando a exagerar a aparência da moça ao descrevê-la.
Penélope já estava cansada de procurar pretendentes, por achar que nenhum aceitaria sua aparência, enquanto tudo que ela queria era sair de casa e viver uma vida normal. Até que, na tentativa de provar que não estava louco, seu pretendente e um repórter contrataram um rapaz para se fingir de pretendente e tirar uma foto da moça. O encontro entre os dois dá início a uma série de mudança na vida de ambos.
O sentimento de Penélope é um sentimento real para muitas pessoas. Quando se fala em autoestima, muitos fatores podem afetar como uma pessoa se vê, como a aparência, a capacidade cognitiva, suas habilidades para esportes, o quão bem uma pessoa acha que deveria se comunicar, entre outros. O sentimento de não ser bom o bastante e por isso precisar se fechar do mundo é a mansão em que muitos se trancam, perdendo assim sua liberdade.
Penélope estava trancada por sua família e por si mesma, esperando por um outro que a estimasse e abrisse a ela as portas para o mundo. Mas será que sua vida não teria sido diferente se ela e sua família tivessem outra visão sobre o que é importante? Precisamos aprender a olhar para nossos pontos positivos e valorizá-los. Uma olhada no espelho de forma bem detalhada pode nos mostrar mais do que a aparência inicial que temos de nós mesmos.
A autoestima é saber olhar para nossos pontos positivos e negativos como nossos aliados. Os positivos são aqueles que precisamos manter, às vezes aprimorar. Em contrapartida, os negativos são pontos a melhorar, que podem ser usados para direcionarmos nossas energias e planejamentos, sendo que algumas vezes o melhor que podemos fazer é aprender a aceitar nossa limitação e viver em paz com ela. Não temos que ser bons em tudo, mas sempre tem alguma coisa em que somos bons. Ao aceitar nossas falhas começamos a promover a mudança na nossa vida.
Estar atento a quem nós somos, observando cada momento em que vivemos para entender nossas ações, pode nos mostrar que talvez não estejamos focando no que realmente importa. A autoestima é construída durante nossa história de vida e depende de uma série de experiências que temos ao longo dela. Mas justamente por ser construída também pode ser modificada e reconstruída.
Às vezes precisamos ultrapassar o limite do portão da nossa casa interior para nos libertar da ideia engessada que temos de quem somos, renovando assim nossa autopercepção. O que vai quebrar uma maldição, pode ser um detalhe que passou despercebido, que o diga Penélope que só percebeu isso quando olhou com outros olhos para a maldição que via no espelho.
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Sheila Francisca Machado reside em Brasília, é psicóloga clínica, especialista em psicologia clínica e especializada em avaliação psicológica, CRP 01/16880. Atende adolescentes e adultos na Clínica de Nutrição e Psicologia - CLINUP. Atua com a abordagem Análise do Comportamento.
Contato: sheila_machado_@hotmail.com
Clínica Clinup: clinup.blogspot.com
Instagram: @empqnasdoses
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