Foto: California Filmes / Sentidos do Amor / Divulgação |
Já parou para pensar que temos mais de 5️ sentidos e quase nunca os usamos conscientemente a nosso favor? No filme “Sentidos do Amor” (2011) uma pandemia global está ameaçando mudar a face da humanidade para sempre mostrando que a nossa sociedade é organizada ao redor da importância do nosso aparelho sensorial e que a forma de nos comportarmos frente ao perigo é similar, independentemente da existência de mortalidade ou não.
Um vírus se espalha por todo o mundo, alastrando uma pandemia sem precedentes, infectando todos no planeta. Ao serem contaminadas pelos vírus, as pessoas começam experienciar sensações extremas para, em seguida, sofrer com a perda de algum de seus sentidos.
A apresentação do primeiro sintoma é uma tristeza imensa, um sentimento de luto, e, em seguida, a perda do olfato. Mas junto com o olfato, se perdem também as memórias olfativas, aquelas em que a sensação do cheiro de algo as trazia à tona. A sociedade começa a se recolher em suas casas, evitar lugares por medo de ser o próximo a apresentar o sintoma, mas já é tarde, todos ficam infectados e começasse a pensar como seguir em frente sem a sensação dos cheiros.
E olfato não é o único sentido perdido. A progressão da doença leva a um sentimento de pânico, seguido por uma necessidade de comer, que culmina na perda do paladar. Sem olfato e sem paladar, a população das cidades se vê obrigada a aguçar outros sentidos e buscar uma forma de se adaptar a vida sem os que já foram perdidos.
A explicação para o fenômeno ainda está sendo investigada. É um uma doença nova, ainda não se sabe bem o que a causa, seu poder de contágio, como ela se espalha. Será um vírus? O que teria em comum entre os primeiros a pegá-lo? As dúvidas e teorias da conspiração a cerca daquilo que nunca se tinha visto antes só aumentavam, sem uma resposta definitiva a nenhum dos questionamentos.
Enquanto Susan, uma médica epidemiologista, tenta descobrir o que está causando esse fenômeno nas pessoas, acaba conhecendo Michael, um chefe de cozinha que está na busca por criar novas formas de fazer os alimentos parecerem atrativos e saborosos como antes. “A comida fica mais picante, mais salgada, mais doce, mais azeda. Você acaba se acostumando, as maiores perdas são as memórias ligadas aos cheiros. Sem odores, um oceano de imagens do passado desaparece”. E assim, os personagens vão buscando se conhecer melhor, aprofundar seu relacionamento, ao mesmo tempo em que precisam mudar suas rotinas para se adaptar à nova realidade do mundo: coisas que antes atraíam com um cigarro ou um café, sem cheiro, perdem uma parte da graça.
Em um momento de mudanças impostas e de privação, as pessoas precisam escolher como continuar a vida, se transformando e possibilitando reinvenções. No restaurante, por exemplo, a função não é apenas alimentar, mas proporcionar prazer, precisando explorar os outros sentidos para manter a graça da vida: “Aos poucos, as coisas se tornam a normalidade e a vida segue. Em poucas semanas o paladar se torna uma vaga lembrança e outras sensações assumem o seu lugar”.
No fim, sobra 3 movimentos: Daqueles que se aproveitam da situação para explorar o próximo, daqueles que acreditam que é o fim do mundo e daqueles que acreditam que a vida deve continuar. “As pessoas se preparam para o pior, mas esperam o melhor. Elas se focam naquilo que é mais importante para elas”.
Para trazer a ordem novamente as cidades, freando em parte esses movimentos, o governo começa a estabelecer parâmetros de convivência mais rígidos, a fechar lugares e a estabelecer quais espaços a população deve ocupar. E, o ser humano enquanto um ser adaptável, vai se mudando e se remoldando a cada nova mudança de sintomas.
A sociedade tem o poder de se adaptar, se transformar e buscar a mudança em tempos de crise. A crise atingia a cada um de uma maneira diferente e empurra todos a criarem novas formas de viver e interagir em sociedade. A cada sentido perdido por Susan e Michael, a cada emoção extrema que experenciam antes de perder um novo sentido, ambos buscam novas formas de mostrar o que sentem um pelo outro.
Em época de incertezas, de falta de respostas, ainda podemos nos apoiar nas relações que temos para conseguir passar pela situação e ter uma vida perto do normal. O que vai ser do depois que a crise passar? Não sabemos! A certeza que temos é que será um novo mundo e vamos nos reinventar para continuar vivendo cada minuto dentro da intensidade que for possível. Vamos nos adaptar ao que não puder mais ser como antes para vivermos com qualidade aquilo que tivermos cultivado durante ao tempo de crise: as nossas relações com quem amamos.
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Cinthia Regina Moura Rebouças, psicóloga, CRP 23/001197, atende em consultório particular, adolescentes e adultos, com ênfase psicanalítica, em Palmas-TO. Possui MBA em Gestão de Pessoas (FGV), experiência como Docente do Curso de Gestão de Recursos Humanos, trabalha na interseção entre psicanálise e Trabalho. Tem experiência em trabalho com grupos, Avaliação Psicológica, na área Organizacional e na Condução de processos de Orientação Profissional.
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Sheila Francisca Machado reside em Brasília, é psicóloga clínica, especialista em psicologia clínica e especializada em avaliação psicológica, CRP 01/16880. Atende adolescentes e adultos na Clínica de Nutrição e Psicologia - CLINUP. Atua com a abordagem Análise do Comportamento.
Contato: sheila_machado_@hotmail.com
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