As Aventuras de “Alice no País das Maravilhas” (1951)

25 de abril de 2020

Foto: Walt Disney / Alice no País das Maravilhas / Divulgação

Cansada pela leitura de um livro sem gravuras, Alice, desabafa com sua gatinha sobre os tédios de sua realidade, e confessa que se o mundo lhe pertencesse os animais também falariam. Entretanto a menina é distraída de seu discurso por um coelho apressado, de colete e relógio, que reclama de estar atrasado. Alice se vê ardendo de curiosidade e sai correndo atrás da pequena criatura branca e cai em seu buraco de coelho...  Assim se inicia a aventura de Alice pelo País das Maravilhas.

Neste mundo, todos os personagens agem conforme sua lógica, nem sempre ficando claro para Alice qual lógica é essa. O contato com esses personagens provoca Alice fazendo-a refletir sobre quem ela é e aonde quer chegar. As diversas mudanças e a confusão que isso causa em Alice, a faz questionar se realmente é aquilo que ela acredita ser, chegando a afirmar não saber mais quem é após tantas transformações. Como se não bastasse, a cada novo ser que encontra é questiona quem ela é, já que é diferente deles e não se parece com nada que haviam visto antes.

Tentando se incluir nesse estranho mundo, Alice busca agir seguindo as normas sociais que aprendeu em sua casa e que conhece como adequadas. Porém, cada vez em que age assim, é confrontada pelos habitantes do País das Maravilhas por não se enquadrar nas normas socioculturais dali. Essa situação deixa Alice confusa por se perceber em um mundo “maluco", em que as coisas funcionam diferente, onde tudo foge a sua norma, ao mesmo tempo em que é ela que não se encaixa na normalidade daquele país.

Após viver situações que na cultura de Alice seriam ridículas e malucas, ela se cansa e se arrepende de ter saído de casa confessando que “daria tudo para sair deste lugar. Seria tão bom se tudo voltasse a ser como era antes”. Se lamentando por não ter juízo e ser tão curiosa, ela chora e conclui que se enganou ao sair correndo sem pensar. Movida pela curiosidade ela agiu de forma impulsiva, sem buscar exercer o bom senso que sua cultura fala para ter.

O País das maravilhas é um lugar "maluco" onde tudo foge a norma, mas o que tem isso de maravilhoso? Será que a maravilha desse país está na oportunidade de sair da caixa, de pensar além dos padrões de normalidade impostos?! Será que é maluquice ou maravilha se permitir usar a curiosidade, buscar aventuras, repensar conhecimentos e “sair da caixinha” do comum?! Quantas vezes nos vemos obrigados a ter sempre uma única resposta sobre quem somos e para onde vamos? Quantas vezes sentimos como se existissem respostas certas e erradas? Mas se somos seres em constante construção e desconstrução, estamos sempre mudando, repensando e replanejando, então como saber todas essas respostas?! E a quem serve o gabarito delas?!

Bem, o gabarito social de ser e estar "ideal" só serve a sociedade enquanto uma forma de dar satisfação aos outros. Ver além das aparências, buscar nossa essência, aceitar quem somos, e a partir dessa aceitação ir em busca de alcançar sonhos talvez seja uma maneira mais saudável de viver em um mundo que sempre muda, nunca é o mesmo, em que os moldes são descartáveis, e provavelmente o que serve hoje não servirá para muito amanhã. Tornar-se si mesmo é a aventura que o País das Maravilhas convida Alice a participar, a final, refletir a cerca de si é a oportunidade maravilhosa de encontrar-se, e, quem sabe, vencer o tédio de viver às custas do que os outros querem decidir por nós.

____________________

Alyne Farias Moreira, brasiliense do quadradinho, mas refugiada entre a beira do Araguaia e a sombra da Serra Azul. Mãe da Cora Linda, psicóloga, CRP 18/02963, equoterapeuta, professora e palestrante. Apaixonada pelo desenvolvimento humano e por psicanálise.  
Contato: (66) 99224-9686
Instagram: @vir_a_ser_Alyne






Cinthia Regina Moura Rebouças, psicóloga, CRP 23/001197, atende em consultório particular, adolescentes e adultos, com ênfase psicanalítica, em Palmas-TO. Possui MBA em Gestão de Pessoas (FGV), experiência como Docente do Curso de Gestão de Recursos Humanos, trabalha na interseção entre psicanálise e Trabalho. Tem experiência em trabalho com grupos, Avaliação Psicológica, na área Organizacional e na Condução de processos de Orientação Profissional.
Acompanhe seu trabalho em:
Instagram: @empqnasdoses



Sheila Francisca Machado reside em Brasília, é psicóloga clínica, especialista em psicologia clínica e especializada em avaliação psicológica, CRP 01/16880. Atende adolescentes e adultos na Clínica de Nutrição e Psicologia - CLINUP. Atua com a abordagem Análise do Comportamento.

Contato: sheila_machado_@hotmail.com
Clínica Clinup: clinup.blogspot.com
Instagram: @empqnasdoses

Nenhum comentário:

Postar um comentário