Foto: Warner Bros. / Sim Senhor / Divulgação |
É comum ouvirmos pessoas dizendo que têm dificuldade de dizer “não” quando alguém lhe pede algo. No filme “Sim Senhor” (2008), o problema de Carl é o contrário, ele constantemente diz “não” para tudo e todos, no trabalho, para os amigos e até mesmo para estranhos no meio da rua. Carl está divorciado a 3 anos e vive sua vida de forma solitária, evitando eventos sociais, assim se afastando de seus amigos. Seu trabalho é em um banco, na área de empréstimo, sendo que lá também é pouco popular por ser visto como um funcionário com postura negativa, que não traz o lucro que a empresa gostaria.
Certo dia, em sua pausa do almoço, encontra com um conhecido, Nick, na entrada do banco que lhe diz que sua vida mudou após começar a dizer “sim” para tudo e o convida para uma palestra motivacional de Terrence Bundly chamada “Sim! é o novo Não!”. Carl acaba aceitando o convite e na reunião é convencido por Terrence e todos presentes de que deve dizer “sim” para tudo. Ao sair da reunião, seus primeiros “sim”s são ditos por Nick, o que o leva a dar carona para um morador de rua.
Por conta dessa carona, Carl acaba com problemas: sem gasolina, sem bateria no celular e sem dinheiro no meio da estrada. Na busca por voltar para casa, tem a oportunidade de conhecer Alisson, uma mulher descontraída e gentil, que acaba se oferecendo para ajudar a levar gasolina para seu carro. Dizer “sim” para a Alisson acabou o motivando a seguir dizendo “sim” para todos os pedidos que lhe fossem feitos por qualquer um, sem distinção e sem uma avaliação das consequências. As poucas vezes que tentou dizer “não” acabou se sabotando, o que ocasionou sua mudança de resposta de “não” para “sim”.
Dizer “sim” para todos e tudo ajudou Carl a se abrir novamente para as situações e oportunidades da vida. Aprendeu novas habilidades, ajudou pessoas desconhecidas em momentos improváveis, conheceu pessoas novas, melhorou a relação com pessoas já conhecidas, modificou sua imagem no trabalho e permitiu que Alisson entrasse em sua vida. Quanto mais frutos positivos colhia do “sim”, mas ignorava os problemas que dizer “sim” de forma indiscriminada estava lhe trazendo.
O “sim” indiscriminado o colocou em situações de risco das mais diversas. Seu melhor amigo fez pedidos absurdos na expectativa dele refletir, mas sem sucesso. Outros amigos e conhecidos começaram a tirar vantagem de sua permissividade, sendo que um deles chegou a pedir para morar com ele. Descobrir que Carl vivia a filosofia do “sim” para tudo fez com que Alisson contestasse os sentimentos de Carl e todo o relacionamento que construíram juntos. Ora, se Carl diz “sim” para tudo, que garantia ela teria de que seus sentimentos eram verdadeiros? O que viveram poderia ser apenas por obrigação do dizer “sim”?
Tanto o “sim”, quanto o “não” indiscriminados trazem problemas. No caso do “não” muito do que poderia ser gratificante e prazeroso negamos a nós mesmos. Enquanto no “sim” podemos passar por apertos e situações desagradáveis de forma desnecessária, por vezes apenas para agradar aos outros, por medo de chatear as pessoas com quem convivemos. Porém, é impossível agradar a todos. Dizer “sim” para os outros quando queremos dizer “não” é dizer “não” para as nossas vontades e necessidades! Tanto o “sim” quanto o “não” são decisões a serem pensadas, levando em conta as consequências de cada resposta e como nos sentiremos com isso.
É possível se reinventar, autodescobrir, abrir para o mundo e buscar o que se quer sem precisar dizer “sim” para tudo. O “sim” e o “não” ditos na medida certa, refletindo com mais cuidado sobre qual dizer em situações mais complexas, são fontes de saúde e bem-estar, o que Carl acabou aprendendo durante sua jornada! Uma parte de seus sofrimentos poderiam não ter existido ao dizer “não”, assim como as realizações que conseguiu poderiam não ter existido sem o “sim”. É tudo uma questão de auto avaliação e análise da situação que se está vivendo para tomarmos a decisão que acreditamos ser capaz de trazer-nos mais benefícios que prejuízos. Ou seja, é importante aprender a avaliar quando é o momento do “sim” e quanto é o do “não”. Tudo tem uma medida certa! Cabe a cada um encontrar a sua!
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Sheila Francisca Machado reside em Brasília, é psicóloga clínica, especialista em psicologia clínica e especializada em avaliação psicológica, CRP 01/16880. Atende adolescentes e adultos na Clínica de Nutrição e Psicologia - CLINUP. Atua com a abordagem Análise do Comportamento. Contato: sheila_machado_@hotmail.com Clínica Clinup: clinup.blogspot.com Instagram: @empqnasdoses Facebook: facebook.com/daoplaypsi |
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