Foto: Netflix / Missão Presente de Natal / Divulgação |
Em “Missão Presente de Natal” (2020), Erica Miller trabalha como assistente parlamentar e recebe de sua chefe a missão de ir a uma base militar procurar indicadores que justifiquem fechar a base na semana do Natal. Com isso, acaba desmarcando o Natal com seu pai para ir até Guam, na Micronésia, acompanhar as operações da base em sua Missão Presente de Natal, no qual enviam “presentes” para ilhas próximas que fazem parte da Micronésia. Um dos objetivos da base é justamente o trabalho humanitário, mas a congressista para a qual Erica trabalha está preocupada com os votos que possa perder fechando uma base militar em seu distrito, por isso vê a base de Guam como um local que não lhe rende votos e seria uma boa escolha para fechar no lugar da outra.
Chegando em Guam, Erica é acompanhada pelo capitão Andrew para conhecer a ilha e as operações da base militar. No começo ele tenta afastar Erica dos pontos onde estão se desenrolando as atividades da missão Presente de Natal, mas Erica é mais esperta e começa a perceber pequenos detalhes que a auxilia a chegar no objetivo de verificar a missão. Andrew explica para ela que a operação não gera custos, que são recolhidas doações e feita troca de favores para coletar comida, roupas, brinquedos, livros e outros suprimentos para doar as 56 ilhas atendidas pela missão. Só que Erica só leva a sério após acompanhar Andrew e os outros militares da base, que recebem auxilio dos locais, durante os preparativos para organizar as doações para entrega e angariar fundos financeiros para poder levar a missão adiante.
Acompanhar a missão em andamento, conhecer os militares participantes que doam seu tempo e interagir com os locais e com os locais de uma ilha vizinha, mexeu com os sentimentos de Erica. Há três anos sua mãe faleceu e o natal deixou de ter o mesmo sentido de antes. Evitando ir visitar seu pai e conviver com a madrasta, Erica se esconde focando no trabalho e correndo atrás de conquistar uma promoção. Ir para a ilha era a desculpa que ela precisava para poder adiar ter que encarar que sua mãe faleceu e que seu pai agora já havia casado a cerca de um ano com outra pessoa. Para ela, os natais quando sua mãe era viva tinha outra cor, outra alegria e uma aura especial pelas singularidades que sua mãe tinha.
Enquanto isso, para Andrew o natal também iria ser longe da família, mesmo ele sentindo falta de estar perto deles. Para ele, era uma época em que ele tinha a oportunidade de devolver a ajuda que ele e sua família tiveram quando precisaram, assim passando adiante a bondade e a esperança com itens que parecem simples e singelos, mas que para os moradores das ilhas eram especiais e tudo que eles precisavam no momento. Ao mesmo tempo, Andrew aproveitava para tornar o Natal dos militares que precisariam ficar ali longe de suas famílias um momento com um significado especial, dando um ar familiar e cheio de gratidão. O objetivo de Andrew era fazer o natal de todos feliz.
A época do natal pode ser difícil para várias pessoas. Por ser um evento familiar em nossa cultura, muitos ficam tristes por estarem só, longe de suas famílias, por conta de um ente querido que já faleceu ou mesmo por ter uma relação conflituosa com familiares próximos. Há aqueles que inevitavelmente começam a refletir sobre o ano estar chegando ao fim e não ter realizado suas resoluções para o ano corrente, ter passado por situações difíceis de lidar ou passaram por alguma perda importante durante o ano. Alguns tem alguma condição limitante física e/ou convivem com alguma questão psicológica, como ansiedade e depressão, e tem dificuldade de entender toda a atmosfera que alguns criam em torno da data, que aos olhos de alguns parece supervalorizada e não passa de um dia qualquer. Fora os que precisam continuar trabalhando nesta época por exercerem trabalhos que não podem ser totalmente interrompidos, precisando fazer plantões.
Cada um tem sua forma de ver e viver essa época. Muitos procuram dar um sentido, como oportunidade de buscar se reconciliar com alguém, praticar atos de caridade e de auxílio aos necessitados, momento de ser grato pelo que conquistou ou pelo bem que recebeu, e até coisas simples como aproveitar a oportunidade como uma “desculpa” para reunir com toda a família. O mundo ainda vive acelerado, imediatista, preocupado com produção, e esquece que há momentos que precisamos de uma pausa, de nos despir dos julgamentos que fazemos a nós mesmos e de buscar exercitar a empatia e o amor próprio. As festas de fim de ano por vezes se tornam um convite para desacelerar e voltar a atenção para o que sentimos falta de aproveitar.
O Natal não precisa ser perfeito, você tem o direito de vive-lo da forma que lhe for mais confortável! Aproveita a época conforme for possível. Se puder, faça uma pausa, descanse um pouco e aproveite o dia. Se não der por qualquer motivo, respire, pegue leve consigo mesmo(a) e tente ressignificar a data dentro de suas possibilidades para que seja menos sofrível ou mais agradável. Erica precisou voar 36h até Guam para entender o que estava esquecido e que lhe fazia falta para poder ter uma vida mais equilibrada e leve. Então, tome o seu tempo, vá no seu ritmo e tente aproveitar o momento!
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Sheila Francisca Machado reside em Brasília, é psicóloga clínica, especialista em psicologia clínica e especializada em avaliação psicológica, CRP 01/16880. Atende adolescentes e adultos na Clínica de Nutrição e Psicologia - CLINUP. Atua com a abordagem Análise do Comportamento. Contato: sheila_machado_@hotmail.com Clínica Clinup: clinup.blogspot.com Instagram: @empqnasdoses |
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