Capitão Fantástico - O que um pai precisa fazer para ser considerado bom?

22 de janeiro de 2021

 


Foto: Universal Pictures / Capitão Fantástico / Divulgação.

Há um provérbio africano que diz: "É preciso uma aldeia para se educar uma criança".  Desta forma, nenhuma pessoa aprende e se desenvolve somente a partir dos valores da sua família nuclear, mas também em acordo com toda a comunidade em que vive e se relaciona.  Levando em conta que vivemos em comunidades, e que precisamos das pessoas para grande parte da nossa sobrevivência, teriam os pais a capacidade de sozinhos, educarem seus filhos com o que é suficiente para atender suas necessidades? 

Para responder a essa questão precisamos voltar em um diálogo necessariamente anterior, no qual a pergunta principal é: De que necessita um ser humano para ser plenamente desenvolvido? Essas e outras reflexões me vieram à tona ao assistir ao filme "Capitão Fantástico" (2016). Neste longa, um pai e uma mãe criam seus seis filhos longe da civilização, seguindo apenas seus princípios e regras.  
Educação essa, que se baseia em contato com a natureza, estudos domiciliares com livros de literatura e física, aprender música, realizar a caça de sua própria comida, fogueiras e treinamentos físicos diários. Sem o uso de nenhum tipo de tecnologia ou contato com o "mundo" exterior ao deles.
 
No filme, tudo parece ir muito bem. Eles se mostram crianças inteligentes, esforçadas, bem adaptadas, unidas entre si, e até satisfeitas com seu modo de vida, dando a impressão de que todo o aparato e conhecimento para se viver bem em sociedade são absolutamente desnecessários. Isso até a situação da família ser perturbada pela ausência recente da mãe, que adoece e necessita ser internada fazendo com que a família deixe a floresta em que vive por um período. Iniciando uma viagem rumo à cidade natal da mãe, ciceroneados pelo pai. 

Ao encarar a sociedade eles começam a perceber o quão diferente a vida em comunidade é daquela levada em isolamento e as dificuldades começam a aparecer: eles não demonstram trato social, não respeitam o espaço, os bens e as concepções religiosas das pessoas que vivem de forma diferente das deles. Fazendo refletir na própria ideia do que significa ser pai: Sua responsabilidade é somente fornecer meios para o desenvolvimento de um indivíduo autônomo ou traduzir a realidade social e possibilitar um encaixe na sociedade? Afinal, criar filhos de forma a criar seres pensantes deve incluir que eles façam suas próprias escolhas, como religião, ideologia política, até clube de futebol?  

Assim, através deste filme, é possível refletir sobre um dos assuntos que mais geram dúvidas e divergência de opiniões: o modo de criação dos filhos. Sabemos que há coisas que precisam melhorar na forma atual e usual da nossa sociedade educar as crianças. Porém, também há pontos positivos e negativos na forma de criação de Ben e Leslie que ignora e despreza as regras sociais elaboradas pela sociedade visando tornar o ambiente social mais ameno.  Dessa forma, gerando reflexão sobre vários aspectos como educação, necessidades e direitos individuais, sociedade, sucesso, saúde, e outras mais... Evitando spoilers, assistam e conta aqui, no que este filme te fez pensar?

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Cinthia Regina Moura Rebouças, psicóloga, CRP 23/001197, atende em consultório particular, adolescentes e adultos, com ênfase psicanalítica, em Palmas-TO. Possui MBA em Gestão de Pessoas (FGV), experiência como Docente do Curso de Gestão de Recursos Humanos, trabalha na interseção entre psicanálise e Trabalho. Tem experiência em trabalho com grupos, Avaliação Psicológica, na área Organizacional e na Condução de processos de Orientação Profissional.
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Instagram: @empqnasdoses

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