Foto: Universal Pictures / O Livro de Henry / Divulgação. |
Em O Livro De Henry (2017), Naomi Watts interpreta Susan, que vive no interior do estado de Nova York com seus dois filhos, o brilhante Henry (Jaeden Lieberher), de 11 anos, e o tímido Peter (Jacob Tremblay), de 8 anos. Divorciada e trabalhando como garçonete, Susan é um pouco complicada, gosta de sair para beber para conversar com a melhor amiga quase sempre, enquanto Henry orienta, organiza, cuida da rotina familiar, finanças, além de também oferecer apoio emocional à mãe.
Este filme genuinamente estranho é uma mistura de muitos tons e estilos que fazem variar de uma comédia familiar excêntrica para um suspense do tipo sombrio angustiante, por isso, não se deixem enganar pela atmosfera outonal de cidade pequena, com restaurantes locais amigáveis e os bairros com cercas de madeira. Essa história incrível, ao mesmo tempo que aquece nossos corações com as demonstrações de afeto familiar e companheirismo dos irmãos, nos faz perder o chão ao apontar que até nos locais mais afetuosos há maldade, e, de acordo com nosso herói de 11 anos, o mal deve ser parado a qualquer custo.
No drama, Henry Carpenter é um gênio precoce da sexta série, um sabe tudo com um grande coração que pode parecer bom demais para ser verdade e mais do que um pouco chato aos olhos das outras crianças da escola que parecem não gostar muito do pequeno gênio. Mas Henry é feliz demais do jeito que é, fazendo suas apresentações sobre crises existenciais, montando engenhocas elaboradas ganhando prêmios e inventando novas criações para deixar a casa de brinquedo na floresta com seu irmão Peter, a mais incrível possível.
Em meio ao que achamos ser uma vida que está caminhando de maneira organizada, apesar da troca de deveres entre mãe e filho, vemos a preocupação frequente de Henry com a sua amiga de escola e vizinha Christina (Maddie Ziegler). Ele entende, apenas por observá-la, que algo terrível está acontecendo com ela e que aquilo tem relação ao seu padrasto ameaçador Glenn (Dean Norris). Com suas suspeitas e constatações Henry informa a algumas pessoas o que andou observando, mas, como é sempre ignorado, ele mesmo resolve criar um plano para impedir que aquilo continue acontecendo. É angustiante perceber o como ele é ignorado, muitas vezes por ser visto como criança, e assim acreditarem que havia mais imaginação do menino do que verdades em suas observações em relação a amiga e outras por incompetência das organizações responsáveis, que eram cegadas por frações corruptas vindas de dentro, o que nos fazia entender perfeitamente o ápice do plano de Henry.
Se você já estava achando ruim, infelizmente o terror que a vizinha de Henry sofria não era o único drama existente neste filme, as preocupações com as outras pessoas tiveram de esperar um pouco mais para serem resolvidas, pois Henry e a família são pegos de surpresa com a descoberta de um tumor cerebral que modifica toda a estrutura familiar, e nessa hora pensamos: “esse é um sinal certeiro de que alguém não chegará aos créditos finais”. Henry, então, como bom garoto engenhoso, começou um livro que descrevia detalhadamente sua crença sobre seu vizinho intimidador estar abusando da enteada, e que também continha um plano cuidadosamente traçado para que sua mãe pudesse ajudar a sua amiga Christina, se necessário.
Em meio a descoberta de Susan, e sua independência e seu papel de mãe, percebemos como de repente, O Livro de Henry, se transforma num filme passível de se crer, o que de alguma forma acaba sendo uma experiência estressante, mas também supostamente esclarecedora. Mesmo sem necessariamente esperar que aquele seja o motivo, o livro que Henry escreveu, acaba trazendo à tona para sua mãe, bem mais responsabilidades para sua vida, fazendo-a enfrentar maiores desafios do que ela jamais esperava.
Este é um filme incrivelmente interessante cheio de detalhes que afloram a nossa curiosidade ao mesmo tempo que nos deixam intrigados e angustiados com cada novo desenrolar dos acontecimentos, e que nos faz ansiar para que no final tudo ocorra como planejado, vale a pena assistir.
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Wilgna Maria Melo Costa, CRP - 22/02863, Psicóloga, especializada em Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico, com curso de extensão em TDHA e Desenvolvimento Humano. Atua com base na Terapia Cognitivo Comportamental e oferece atendimento para todas as idades. Instragram: @wilgnamelo |
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