A Caminho da Lua – a superação da perda e a formação de uma nova família

16 de abril de 2021

 

Foto: Netflix / A Caminho da Lua / Divulgação.

No filme “A Caminho da Lua” (2020), Fei Fei era bastante feliz vivendo com seu Ba Ba e sua Ma Ma. Desde pequena ouvia sua Ma Ma contar a lenda da deusa Chang’e, que se separou de seu grande amor contra sua vontade e foi morar na lua sem nunca deixar de amá-lo. Fei Fei via em seus pais a personificação do amor verdadeiro, enquanto juntos faziam os bolinhos da lua vendidos pela família. Mas, sua mãe faleceu e 4 anos depois ela teve uma surpresa: seu pai conheceu outra pessoa. Seu Ba Ba estava diferente, queria trocar a receita tradicional do bolinho que sua Ma Ma tanto gostava e parecia ter deixado de acreditar na lenda da deusa Chang’e. Então, para conseguir provar que Chang’e existe e fazer seu Ba Ba voltar a acreditar no amor eterno, Fei Fei decidiu ir à lua encontrar a deusa.

Dede a morte de sua mãe, Fei Fei e seu pai se apoiavam para fazer a vida continuar caminhando. Fei Fei se apegou bastante a coelha de estimação que ganhou de sua mãe, quando ela já estava doente, e a fabricação e venda dos bolinhos da lua. Dentro de suas condições enquanto uma criança, estava tentando lidar com a perda da mãe se apegando ao que a lembrava dela, sendo outros exemplos a boneca de Chang’e e o xale que que sua mãe usava com a imagem da deusa e de seu amado Houyi.

Por outro lado, o pai de Fei Fei estava se sentindo solitário, mas não sabia como falar para a filha. Tentou apresentar a namorada, a Sr. Zhong, e dizer o que sentia, mas parecia que as palavras não saiam de sua boca. O que acabou fazendo a filha entender quem era a mulher que havia acabado de conhecer foi o primeiro contato com Chin, o filho da namorada de seu pai. No jantar do festival, todos pareciam conhecer a Sr. Zhong e o pai de Fei Fei ofereceu o lugar da filha para ela sentar. A dificuldade do pai em lidar com a situação tornava mais difícil para Fei Fei aceitar a entrada de uma nova pessoa na família.

Com isso, Fei Fei inventa um plano de criar um foguete para ir até a lua conhecer a deusa Chang’e. Depois de várias tentativas frustradas, ela consegue montar seu foguete e ir junto com sua coelhinha para o espaço. Mas ela não esperava que seu novo irmão Chin, junto com seu sapo de estimação, iria entrar em seu foguete e ir junto com ela. O peso não planejado trouxe problemas a viagem. Porém, o foguete acabou sendo interceptado e carregado até a lua pelos dragões lunares. Lá, Fei Fei e Chin conhecem a deusa Chang’e, que se mostrava à primeira vista linda e majestosa. Contudo, ela era bem diferente do que eles imaginavam.

A deusa Chang’e estava ainda em luto, frustrada e desesperada para reaver seu amor. Sentia que algo que estava com Fei Fei seria a chave para conseguir trazer Houyi de volta. Por isso pediu os dragões lunares para trazer Fei Fei e esperava que ela lhe desse o presente que faltava para realizar seu desejo. Como Fei Fei não lhe entrega o presente, põe os habitantes da lua para procurar o presente para ela. O pequeno período de convivência entre as duas talvez fosse a chave que estava faltando para Fei Fei entender os sentimentos seus e de seu pai, e, assim, permitir que ambos seguissem em frente.

A entrada de um novo membro em uma família é desafiador. Aos pais da criança cabe tentar explicar da melhor forma possível, dentro das condições de entendimento dela, quem é a pessoa, que o novo membro não substitui um membro anterior e que os sentimentos novos não significa o esquecimento dos antigos, mas sim que novos sentimentos surgiram. Algo que parece ter sido bem feito pela Sr. Zhong, já que Chin estava empolgado com a entrada na nova família. 

Mesmo quando feita da melhor maneira possível a apresentação desse novo membro, a criança pode ter dificuldade por não entender bem ou não saber expressar o que se está sentindo. Neste caso, o papel do adulto é tentar auxiliar a criança a entender os próprios sentimentos e ter paciência para respeitar o tempo dela em conseguir se adaptar a mudança e seguir em frente. As pequenas ações do pai de Fei Fei e da Sr. Zhong para que Fei Fei se sentisse ainda dentro da própria família permitiram a ela o tempo que ela precisava para aceitar a situação. O convívio com Chin lhe trouxe o olhar para novas aprendizagens, permitindo que os dois criassem laços de amizade. Passar por essa fase pode ser difícil e o diálogo sincero junto com ações acolhedoras fazem toda a diferença.

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Sheila Francisca Machado reside em Brasília, é psicóloga clínica, especialista em psicologia clínica e especializada em avaliação psicológica, CRP 01/16880. Atende adolescentes e adultos na Clínica de Nutrição e Psicologia - CLINUP. Atua com a abordagem Análise do Comportamento.
Contato: sheila_machado_@hotmail.com
Clínica Clinupclinup.blogspot.com
Instagram@empqnasdoses

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