Foto: Paramount Pictures / A Origem dos Guardiões / Divulgação. |
Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Sandman, Fada do Dente, Jack Frost, Bicho Papão e tantos outros mitos, lendas, fábulas e contos permeiam a vida humana desde a antiguidade. Em determinadas épocas, algumas dessas histórias ganham mais destaque e força. A oralidade permite que, pela crença, essas histórias existam no imaginário humano, e de modo especial, no infantil.
O filme "A Origem dos Guardiões" (2012) trata com humor, aventura, drama e magia sobre a importância dos mitos para a infância. Na animação, os Guardiões têm que combater o Bicho Papão e impedi-lo que desperte medo e incredulidade nas crianças. Paralelo a isso, Jack Frost busca descobrir quem ele é e como se tornou um guardião.
Na atualidade, em que mães e pais buscam cada vez mais informações e respaldo para suas parentalidades, não é raro profissionais de saúde e educação serem questionados sobre alimentar as fantasias de crianças em personagens, como Coelho da Páscoa ou Papai Noel, ser saudável ou não ao desenvolvimento destas. E a minha resposta a essa questão é: depende.
Os mitos em seu cerne levam encanto, esperança e sonhos, pois possuem uma vasta riqueza simbólica e imagética, cada qual carregando conteúdos próprios que refletem características humanas e ensinam sobre regras sociais, valores, cultura e "acreditar no invisível", ou seja, ter fé naquilo que não é possível enxergar.
Entretanto, a sociedade em que vivemos tem adaptado diversos mitos para que eles se tornem objetos da cultura de mercado e, nessas adaptações, os cernes de muitas lendas estão se perdendo, os personagens ficando fracos e as crianças deixando de acreditar neles. O Coelhinho da Páscoa não é apenas um entregador de ovos de chocolate. A Páscoa quer dizer recomeço, vida nova. O coelho simboliza a esperança. Um coelho que entrega ovos de chocolate, sem que ninguém possa vê-lo, alimenta nas crianças a fé, o "acreditar no invisível".
Sendo assim, permitir que a criança conheça o cerne dos mitos, transmite valores, estimula seu desenvolvimento socioafetivo, seu caráter e permite que ela se conecte com a ancestralidade humana, passada de geração em geração por meio dessas narrativas. Em contrapartida, ao supervalorizar o prêmio e menosprezar o mito que o envolve, retira-se a oportunidade das crianças de aprenderem conceitos complexos de forma lúdica, além de incentivar o consumismo e a competição.
Para que um adulto possa oportunizar que uma criança conheça o cerne de um mito, ele precisa antes de tudo conhecê-lo. Será que você conhece mesmo a história do Coelhinho da Páscoa? E a do Papai Noel? Quando esses mitos começaram a serem contados? Já refletiu sobre o cerne desses mitos? E Jack Frost ou Sandman, você já ouviu falar? E as lendas brasileiras? Esses e outros questionamentos meio que nos tornam guardiões também, pois esse conhecimento nos permite entrar em contato com a ancestralidade que cada mito carrega e escolher zelar para que ele continue vivo na fantasia infantil. Enquanto isso, os mitos guardam a cultura e os valores que vão passando de geração em geração e, dessa forma, acabam por zelar pela humanidade.
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Alyne Farias Moreira, brasiliense do quadradinho, mas refugiada entre a beira do Araguaia e a sombra da Serra Azul. Mãe da Cora Linda, psicóloga, CRP 18/02963, equoterapeuta, professora e palestrante. Apaixonada pelo desenvolvimento humano e por psicanálise. Contato: (66) 99224-9686 Instagram: @vir_a_ser_Alyne |
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