O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas – você está vivendo o tempo presente?

16 de julho de 2021

 

Foto: Amazon Prime Video / O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas / Divulgação.

O que você faria se pudesse reviver o mesmo dia mais de uma vez? No filme “O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas” (2021), Mark e Margaret estão presos em uma anomalia temporal e revivendo o mesmo dia em loop várias vezes. No começo ambos acreditam estarem revivendo o dia sozinhos, até que em um acontecimento em um dos dias Mark percebe que talvez ele não seja o único, o que leva a procurar por Margaret. Juntos começam a tentar entender o que está acontecendo e a procurar as pequenas coisas perfeitas escondidas na cidade durante aquele dia.

Desde que Mark percebeu que estava revivendo o mesmo dia, começou a agir de forma despreocupada e a tentar evitar pequenas situações do dia para tirar proveito próprio. O fato que o levou a conhecer Margaret foi justamente sua tentativa de conquistar uma garota na piscina de um clube. A cada dia que ele revivia, testava e treinava formas diferentes de conquistar a mesma garota naquele momento do dia.

Enquanto isso, Margaret estava tentando aprender a dirigir enquanto buscava por um cachorro perdido na vizinhança. Aprender a dirigir sozinha não lhe aprecia inadequado, já que se batesse em um carro no outro dia haveria tudo voltado a onde estava já que o tempo se repetiria. A sensação de responsabilidade sobre as próprias ações havia sumido por acreditar que a meia noite o dia inteiro iria se desfazer e seria como se nada tivesse realmente acontecido.

O encontro entre os dois levou a criar um novo objetivo, passar os dias repetidos procurando as pequenas coisas perfeitas que aconteceram naquele dia na cidade inteira. Como teriam todo o tempo do mundo, poderiam buscar na cidade inteira e ir apresentando esses momentos um para o outro. Se sentiam, assim, donos do tempo.

O que Mark e Margaret não estavam percebendo é que ao invés de aproveitar o próprio dia, estavam apenas observando o dia passar sem realmente vive-lo. E isso não é um problema vivido apenas por eles. Na sociedade em que vivemos atualmente, onde tudo tem que ser cada dia mais imediato, onde nada pode esperar e tudo é para ontem, as pequenas coisas perfeitas dos nossos dias têm sido engolidas pela necessidade de ser sempre produtivo, estar um passo à frente e viver o dia de amanhã. Ou seja, a sociedade se perdeu sem entender bem como realmente funciona a passagem do tempo, atribuindo expectativas por vezes irrealistas.

O problema é que não temos como viver o dia de ontem, visto que compõe nosso passado, e também não podemos viver o dia de amanhã, visto que ainda não aconteceu. O único momento em que temos como fazer alguma coisa é o hoje, o agora, o presente. Daí fica a reflexão, será que realmente estamos vivendo o dia presente? Bem, se pensarmos na quantidade de pessoas ansiosas e depressivas que vemos hoje, a resposta para maioria seria não, não estamos vivendo o presente.

Com o passado podemos aprender e tirar lições para a vida. Em relação ao futuro nos resta apenas planejar e fazer no momento atual a base necessária para o futuro acontecer. No momento que o futuro se tornar o presente é que teremos o que fazer em relação a ele. Porém, tanto o passado quanto o futuro podem ser assustadores, no passado temos os momentos ruins e os traumas, no futuro temos as incertezas e o encontro com as finitudes da vida, já que nenhum momento é eterno.

Enquanto Mark revivia seu dia acabou aprendendo que “tempo é aquilo que passa e não volta”. O dia estava o convidado a entender o que aconteceu no passado, viver seu presente e encarar seu futuro. Para Margaret não era diferente, o que diferenciava os dois era quais os desafios estavam precisando enfrentar no momento. Procurando as pequenas coisas perfeitas achavam que estavam aproveitando o presente, quando na verdade estavam fugindo daquilo que temiam no futuro, assistindo a vida dos outros como meros expectadores.

O que restava a Mark e Margaret era chegar ao entendimento de que as vezes procuramos fora aquilo que só podemos achar dentro de nós mesmos. Viver o presente é muito mais do que aquilo que nos aconteceu no passado ou que irá acontecer no futuro. O presente é cheio de pequenas coisas perfeitas e de pequenas coisas quebradas. Uns dias serão melhores que os outros e nem sempre o que a gente quer para o futuro vai poder ser como gostaríamos. Viver o presente é se dispor a aproveitas e lidar com todas as pequenas coisas da vida. E não precisa ser só, se precisar de ajuda sempre pode-se recorrer a sua rede de apoio e a profissionais capacitados, quando for o caso.

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Sheila Francisca Machado reside em Brasília, é psicóloga clínica, especialista em psicologia clínica e especializada em avaliação psicológica, CRP 01/16880. Atende adolescentes e adultos na Clínica de Nutrição e Psicologia - CLINUP. Atua com a abordagem Análise do Comportamento.
Contato: sheila_machado_@hotmail.com
Clínica Clinupclinup.blogspot.com
Instagram@empqnasdoses

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