De Repente 30 (2004)

15 de setembro de 2020

Foto: Columbia Pictures do Brasil / De Repente 30 / Divulgação

A vida é feita de fases, todos sabemos. Todas as fases trazem alegrias, aprendizados e sofrimentos. No ciclo da vida, as fases variam de pessoa para pessoa, e a adolescência é uma dessas fases que ninguém consegue escapar. Todos, exceto Jenna Rink que conseguiu a proeza de pular dos 13 para os 30 anos. Sortuda ela? Seria o sonho de todos adolescente, em um piscar de olhos, ter 30 anos, o emprego dos sonhos e um namorado (a) super descolado e popular? 

A adolescência é um período extremamente delicado para toda a família. Para o adolescente, as mudanças hormonais, corporais, emocionais e sociais que a puberdade proporciona são inexoráveis e não optativas. Para os pais, um desafio que demanda aprender como desenvolver um relacionamento com uma pessoa completamente diferente daquela criança que estavam acostumados a lidar. 

Neste quesito, o caso de Jenna não é diferente, ela é uma adolescente descontente com sua idade, frustrada por não ser tão popular quanto suas colegas de escola e com sua vida amorosa. Depois do desastre de seu 13º aniversário, ela faz um pedido que milagrosamente se realiza. Quando ela acorda, 17 anos se passaram instantaneamente - apenas para ela, os demais personagens vivenciaram este período normalmente. 

O filme é uma comédia romântica - quase um conto de fadas - e proporciona algumas reflexões. Por não desejar perder o tom de comédia, deixa de retratar as reais consequências de não vivenciar uma fase tão marcada pelas constantes lutas psicológicas inerentes à formação da identidade. É nesta fase que ele deve fazer uma série de seleções cada vez mais específicas de compromissos pessoais, ocupacionais, sexuais e ideológicos que ajudarão a se constituir enquanto adulto; a fundamentar o sentido da vida que levará a encontrar seu lugar no mundo.  

E é isso que Jenna nos mostra, ao agir como uma criança em diversas situações, não conseguir socializar com os adultos, meio onde ninguém a entende e que as pessoas olham para ela como se estivesse totalmente deslocada. Pois, a perda da fase a transformou em uma pessoa fútil, desagradável e cruel, e que busca desesperadamente o contato com crianças e com seu melhor amigo de infância na tentativa de ser incluída, e assim, encontrar sentido no mundo “dos adultos”. 

O filme é divertidíssimo e eu recomendo para todas as idades, ele consegue, através de sua narrativa alegórica, transmitir uma mensagem indireta, por meio de comparação ou analogia. Porém, não me furto de imaginar que, se Jenna aparecesse no mundo de hoje, o “Gap” geracional não permitiria tamanho entrosamento, gerando, talvez uma sensação maior de exclusão. Afinal, há 17 anos atrás, quem saberia mexer nos smartphones que temos hoje? Parte tão importante da geração Z? 

Nossas experiências nos ajudam a aprender como lidar com frustração, com rejeição, e entre outras situações, nos possibilita o autoconhecimento e a não correr o risco de se tornar um adulto alheio a si mesmo.  

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Cinthia Regina Moura Rebouças, psicóloga, CRP 23/001197, atende em consultório particular, adolescentes e adultos, com ênfase psicanalítica, em Palmas-TO. Possui MBA em Gestão de Pessoas (FGV), experiência como Docente do Curso de Gestão de Recursos Humanos, trabalha na interseção entre psicanálise e Trabalho. Tem experiência em trabalho com grupos, Avaliação Psicológica, na área Organizacional e na Condução de processos de Orientação Profissional.
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