Amor e Monstros – uma aventura sobre desenvolvimento pessoal e sair da zona de conforto

2 de julho de 2021

 

Foto: Paramount Pictures/ Amor e Monstros / Divulgação.

Em um mundo distópico, onde uma chuva de produtos químicos alterou a vida na terra, transformando insetos e animais pequenos em grandes monstros, Joel Dawson vive a 7 anos em um abrigo subterrâneo junto com outras pessoas. No abrigo, todos tem um par para chamar de seu, menos Joel, que ainda sente falta de Aimee, sua namorada de antes do apocalipse acontecer. Sabendo onde ela está, Joel decide sair em uma viagem impossível na superfície para encontrar novamente com sua amada. Assim começa a jornada do filme “Amor e Monstros” (2020).

Joel é um rapaz dedicado e sensível. Durante seu tempo no abrigo, assumiu a responsabilidade de cozinhar para os outros moradores, já que sempre que via um monstro ficava travado, paralisado sem reação. A tarefa de enfrentar os monstros e ir atrás de comida na superfície ficava a cargo de outros moradores. Permanecer ali se tornou confortável para todos, apesar de terem que estar sempre alertas aos perigos da superfície.

Juntos a 7 anos, os moradores do abrigo se tornaram se uma família, cada um cuidado do outro da maneira que pode. Mas Joel se sentia sozinho por ser aparentemente o único que não tinha um amor por perto. Por sentir falta de Aimee, tentou contato através de um rádio com outros abrigos a procura da amada, chegando a afirmar que falou com 90 abrigos até conseguir finalmente falar com ela de novo. 

Fechado em sua zona de conforto, valorizar aquilo que prendia Joel ao passado parecia mais importante do que valorizar os amigos e a vida do presente. Mas o mundo anterior ao apocalipse não existia mais. A ideia de encontrar com o que ainda lhe sobrava de seu passado atrapalhava-o a aproveitar as pequenas coisas do presente junto a nova família no abrigo.

Após seu abrigo ser invadido por um dos monstros gigantes, Joel decide ir em burca de encontrar Aimee. Pare ele, a invasão foi um atestado de que poderia morrer a qualquer momento sem nunca ter realmente se arriscado para proteger seus amigos ou para reencontrar seu amor. De que valeria ter vivido ali sem nunca ter tido várias experiências que gostaria de ter?

Seus amigos preocupados o avisaram dos perigos da superfície e temiam que ele não fosse capaz de fazer a viagem, já que sempre foi protegido pelos outros, não acreditavam que ele teria as habilidades necessárias para sobreviver. Mas Joel estava decido e seus amigos fizeram um mapa para que ele pudesse andar na superfície. Uma singela demonstração de carinho e afeto, mas que ele não era capaz de perceber por estar focado demais em seu passado.

No primeiro dia de Viagem, Joel é obrigado a confrontar a realidade de sua falta de habilidades ao encontrar com um sapo monstro na piscina de uma casa abandonada. Graças ao cachorro chamado Garoto, Joel consegue se salvar e faz sua primeira amizade na superfície. Além da amizade, ele também faz uma primeira constatação: estar ali sozinho era perigoso e seria necessário estar mais alerta. A companhia de Garoto se torna importante, tanto por questões de sobrevivência quanto como um suporte emocional.

Caminhando pela floresta para chegar em seu destino, Joel tem a oportunidade de sentir novamente algumas sensações que os anos de proteção no abrigo te tiraram, como sentir cheiros, o vento e apreciar a paisagem. Pequenas coisas que muitas vezes não são valorizadas, até que são perdidas e passam a fazer falta.

Após uma parte do percurso, Joel acaba sendo salvo novamente deum grupo de monstros, dessa vez por Clyde Dutton e pela pequena Minnow. A princípio a dupla estranha ele andando sozinho na superfície após deixar seu abrigo. Tanto que o primeiro questionamento foi se ele era um ladrão de comida. Mas deram uma chance para ele, deixando que Joel o acompanhasse por uma parte do caminho. 

Com Clyde e Minnow, Joel teve a oportunidade de aprender habilidades de sobrevivência, como aprender a atirar, se defender, o que comer, como lidar com alguns monstros e que se sobreviver a alguns erros vai conseguir se virar por aí, já que bons instintos se conquistam cometendo alguns erros. Pode também voltar a entender o valor de se criar laços e valorizar quem está perto.

Quando os caminhos se dividiram, Joel e Garoto tiveram a oportunidade de testar o que aprenderam com Clyde e Minnow, cometeram alguns erros e aparentemente se saíram bem. A decisão de Joel de sair do abrigo lhe deu a oportunidade de se conhecer melhor, se desenvolver e aprender a se defender sozinho. Foi a jornada para encontrar Aimee que lhe permitiu sair da zona de conforto, tomar as próprias decisões e desenvolver habilidades de vida no mundo pós-apocalíptico em que se encontrava.

Sair da zona de conforto pode gerar insegurança, mas é fora da zona de conforto que temos oportunidade de aprender coisas novas e descobrir nossos potenciais e limites. Podemos aprender com os próprios erros, ao mesmo tempo que temos como aprender com os erros dos outros e com as dicas que são nos passadas. Cabe a nós saber filtrar as informações para que sejam aproveitadas de acordo com as nossas vivências. 

O medo de se arriscar fora da zona de conforto limita nossas experiências e pode atrapalhar que desenvolvamos algumas habilidades de vida importantes. Algumas vezes teremos oportunidades de tem alguém para nos guiar. Contudo, em outros momentos será necessário fazer adaptações e criar novas estratégias de enfrentamento para aquilo que não temos uma informação prévia. Por isso, os erros são grandes fontes de aprendizado, principalmente se aprendermos a não cometer os mesmos erros.

Joel teve a oportunidade de ter lições valiosas em sua caminha em termos de autoconhecimento. Também pode aprender que às vezes é preciso se arriscar para perceber o que realmente se quer e quem realmente é importante. Joel correu o risco de se decepcionar com o que iria encontrar quando atingisse seu objetivo final. Independentemente disso, foi sair da zona de conforto que expandiu seus horizontes. E se Joel conseguiu se permitir viver uma nova aventura e ampliar os horizontes, qualquer um consegue!

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Sheila Francisca Machado reside em Brasília, é psicóloga clínica, especialista em psicologia clínica e especializada em avaliação psicológica, CRP 01/16880. Atende adolescentes e adultos na Clínica de Nutrição e Psicologia - CLINUP. Atua com a abordagem Análise do Comportamento.
Contato: sheila_machado_@hotmail.com
Clínica Clinupclinup.blogspot.com
Instagram@empqnasdoses

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